Estante Sara Figueiredo Costa 29 Janeiro 2024

Caminhar
Frédéric Gros
Antígona
Tradução de Inês Fraga

Os ecos de Walden, de Thoreau, fazem-se ouvir em várias páginas deste livro, mas Caminhar é muito mais do que a revisitação desse e de outros livros que apelam à saída, ao ar livre e ao contacto com a natureza (sem panaceias de auto-ajuda nem misticismos baratos). Também por lá andam Goethe, Rimbaud ou Rousseau. Frédéric Gros vê nesse gesto global do caminhar um modo de relação com o mundo e connosco próprios, um contraste com aquilo que os mercados e o crescimento como meta constante nos fizeram acreditar que era uma vida boa. Não é preciso um equipamento especial e dispensa-se a pressa e a voragem do cronómetro: aqui caminha-se com o corpo todo, pernas, mente e aquilo a que por vezes se chama alma e, entre passos, respiração e observação da paisagem, alguma coisa se subverte desta lógica mercantil que nos quer convencer que sem umas botas de marca e uma mochila técnica a valer meio ordenado mínimo não é possível subir à montanha.

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