Uma imagem levantada do chão
No dia 1 de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como Presidente do Brasil. Ao chegar ao Palácio do Planalto, a sede do Poder Executivo, Lula foi recebido por oito brasileiros de idades, etnias e profissões variadas. Foi ao lado desses representantes do povo brasileiro, da sua companheira, Rosângela “Janja” da Silva, e da cadela do casal, a Resistência, que o Presidente subiu a rampa do palácio para, diante da fachada do edifício, receber a faixa presidencial.
É a terceira vez que o ex-metalúrgico assume o cargo mais importante do país. O seu famigerado antecessor, Jair Bolsonaro, viajou para os Estados Unidos dois dias antes de fim do seu mandato negando-se assim a participar da cerimónia de posse do novo mandatário. Como não havia ex-presidente para passar a faixa, a organização da cerimónia decidiu conceder a pessoas anónimas, representantes do 210 milhões de brasileiros, essa responsabilidade. Foi das suas mãos que Lula recebeu a faixa.
A imagem do grupo a caminhar, num dia tão importante, na companhia de um cão, em direção ao futuro, fez-nos recordar o final de Levantado do Chão, romance escrito por José Saramago em 1980, que termina no dia em que Portugal recupera a liberdade após décadas de ditadura: “Vão todos, os vivos e os mortos. E à frente, dando os saltos e as corridas da sua condição, vai o cão Constante, podia lá faltar, neste dia levantado e principal.”
Esperamos que, após anos de sombras e retrocessos, o Brasil reencontre o seu caminho e volte a ser um país onde cabemos todas e todos, onde a diversidade, a riqueza cultural e étnica são motivo de celebração, um país com “mais livros, menos armas”. Bem vindo de volta, Brasil!