
Os Vigilantes – Cinco vigias em torno das fronteiras
Taina Tervonen
Antígona
Tradução de Luís Leitão
Há muito que Taina Tervonen acompanha as migrações entre África e a Europa, tendo assinado várias reportagens sobre o assunto. Em Os Vigilantes, parte das entrevistas que fez a cinco pessoas cujo trabalho diário, muito afastado dos radares da imprensa e do conhecimento público, passa por diversos tipos de apoio a quem tenta chegar à Europa, nomeadamente através das rotas do Mediterrâneo. Em contacto directo com quem tenta emigrar, com associações de defesa dos direitos humanos e com os familiares que esperam notícias, o trabalho destas cinco pessoas passa pelo registo de todas as embarcações que se preparam para atravessar o mar, pelo contacto directo com quem está a bordo, pelo alerta às autoridades de países europeus e africanos para que enviem navios de resgate, pelo apoio aos familiares que procuram os seus desaparecidos, tantas vezes sem conseguirem acreditar que estarão, provavelmente, mortos. Os Vigilantes é um relato a seis vozes – entre as pessoas entrevistadas e a própria autora – que retrata o tempo indecente que nos coube viver, assistindo às mortes diárias de quem foge da fome, da guerra ou das alterações climáticas e procura refúgio no mesmo continente que protagonizou tantas das acções que conduziram milhares de pessoas a abandonarem os seus países de origem (e delas tirou partido). Do lado de cá do mar, o endurecimento das leis migratórias, a exploração do discurso xenófobo, a imposição da ilegalidade a quem consegue chegar e, quantos às mortes, apenas o silêncio.