O livreiro sonhador
«Uma livraria é capaz de regenerar o tecido social e económico da zona onde é aberta porque é puro presente, um acelerado motor de mudança. Não é de estranhar, pois, que muitas livrarias façam parte de projectos sociais». Estas são palavras do livreiro José Pinho recolhidas por Jorge Carrión no livro Livrarias (Quetzal, 2017). José Pinho morreu no passado dia 30, aos 69 anos, deixando órfãos muitos amigos e amantes dos livros. Antes de partir, criou livrarias e festivais literários, estabeleceu pontes, uniu pessoas e ideias, sonhou e realizou. Num país pequeno, num sector, o da cultura, em que pensar grande é inviável, em que as dificuldades são sempre muitas, por via dos parcos recursos que lhe são destinados, o fundador da livraria Ler Devagar e criador do FOLIO (Festival Literário Internacional de Óbidos) tinha em si todos os sonhos do mundo, como diz Fernando Pessoa num poema de Álvaro de Campos.
«Homem generoso e corajoso, sonhador de todas as utopias», escreveu Pilar del Río sobre ele. A Blimunda deste mês, em jeito de homenagem, publica uma série de testemunhos de pessoas que trabalharam, conviveram e desfrutaram da presença de José Pinho. Nós, a Fundação José Saramago, tivemos o privilégio de trabalhar com o livreiro sonhador a quem chamamos de amigo!