O camião das histórias
Rosário Alçada Araújo
Patrícia Furtado
Asa
Neste conto ilustrado Rosário Alçada Araújo revisita as histórias tradicionais através do ato de narrar. O valor deste património serve de mote para destacar o afeto da partilha de memória e imaginário entre pai e filho. Num ritual inesperado, o pai leva diariamente a criança à escola no camião do lixo que conduz. Pelo caminho, em função do que se avista no percurso e nos caixotes do lixo, o adulto encontra os artefactos que levam às narrativas: o espelho partido da história da Branca de Neve, o sapato da Gata Borralheira, a árvore dos Sete Cabritinhos… Assim se estabelece um diálogo com refrão que se repete a cada novo dia e a cada nova história, e que marca o tom e o ritmo do conto.
No final, a perspectiva da passagem do tempo e do retorno afetivo do filho, que agora adulto conta histórias ao pai, fecha a narrativa de forma muito óbvia, conferindo-lhe uma moral explícita. Tal não seria necessário porque a imagem das viagens maravilhosas no camião do lixo será o elemento mais original e simbólico, representativo dessa cumplicidade mágica.