Com a Flotilha da Liberdade
No edição passada da «Blimunda» publicámos uma entrevista feita a José Saramago em 2002 durante a visita do escritor a Ramala como integrante de uma delegação do Parlamento Internacional de Escritores. “O que me indigna é a covardia da sociedade internacional”, disse na altura o Prémio Nobel.
A inação sobre a qual, há mais de duas décadas, falava José Saramago perpetuou-se no tempo e permitiu o processo de extermínio de um povo.
No entanto, nem toda a comunidade internacional está de braços cruzados. Nas últimas semanas um grupo de ativistas deu início a uma ação que pretende levar ajuda humanitária (água, comida e medicamentos) a Gaza e denunciar o cerco ilegal que Israel promove ao povo palestino. A chamada “Flotilha da Liberdade”, que inclui 20 embarcações com cerca de 300 pessoas de 44 nacionalidades, zarpou de Barcelona no 31 de agosto. Na comitiva estão três portugueses: a deputada Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
Não é a primeira vez que se tenta romper por mar o cerco feito por Israel, para levar ajuda aos territórios ocupados e massacrados. Recentemente, outras embarcações foram violentamente interceptadas pelas forças israelitas junto à costa de Gaza, tendo todo o seu material médico e alimentar apreendido, para além da detenção dos seus tripulantes.
É necessário que se garanta a segurança das pessoas que estão a bordo da Flotilha da Liberdade que agora ruma à Gaza, e que se permita a criação de um corredor humanitário que garanta que a população da Palestina não morra por falta de água, comida e medicamentos, para além das bombas que continuam a ser lançadas.