RECEITA DE LEITURA DE LIVRO
Tempo de preparação: 5 min
Tempo de confeção: 30-45min (mínimo)
Dificuldade: Fácil preparação
INGREDIENTES
1 Livro
1 Leitor (adulto, juvenil ou criança)
* Quanto melhor a qualidade dos produtos utilizados, melhor o resultado.
MODO DE PREPARAÇÃO
1) Comece por preparar o ambiente onde será servida a leitura, uma poltrona confortável num cantinho reservado seria sublime — apesar de reconhecer que talvez seja uma ambição demasiado idílica. Em alternativa, um sofá, uma cadeira, um banco (tanto em espaços interiores ou externos, e nas posições sentado ou deitado), uma cama ou mesmo o chão também cumprem o propósito (repetem-se as opções sentado ou deitado para ambos os locais). Embora seja possível ler de pé, desaconselha-se essa prática, a menos que esteja numa fila. Além disso, existe quem sirva a leitura em locais em movimento como autocarros, comboios, aviões ou barcos;
2) Junte então um livro que deve ser de boa qualidade, que é como quem diz, do agrado do leitor;
3) Adicione o leitor (esta receita é adequada para leitores adultos, juvenis ou infantis);
4) Antes de iniciar a leitura, é recomendável que o leitor dedique um momento para apalpar o livro, senti-lo. Observar se a capa apresenta um design mais sóbrio e distinto ou mais colorido e garrido, a constatação de tais aspetos não afetará, em absoluto, a qualidade do miolo. Alguns livros se destacam pela presença de inúmeras palavras que deverão ser descodificadas pelo leitor (ou não), e/ou imagens em maior ou menor profusão. Conquanto essa característica não seja uma regra absoluta, é comum observar que leitores infantes, em geral, têm uma inclinação maior para obras que exibam imagens em abundância, e maior tendência para os pequenos levarem o livro à boca;
5) O leitor deverá avaliar a dimensão e a maleabilidade do livro (se é flexível, bom para ser dobrado). Em circunstâncias em que a mobilidade é um fator relevante, obras encadernadas (capa dura) ou de considerável espessura podem não ser as mais apropriadas. Não sendo impeditivo, apenas menos confortável para o leitor que terá de carregar um calhamaço;
6) Nem tudo se resume a cheirar as páginas centrais de uma obra, é igualmente pertinente que o leitor atente para eventualidade do livro fazer barulho quando folheado. Tal preferência é menos frequente que o cheirar, mas há quem ame, há quem deteste (fica a gosto na leitura);
7) Recomenda-se uma olhadela mais cuidada na contracapa, onde estará uma breve descrição do conteúdo da obra e/ou uma foto bastante favorecida do autor;
8) Por fim, abra o livro, verifique se tem prefácio, se sim, ignore-o. Comumente, tais palavreados servem apenas para endossar o trabalho do autor por outro autor mais renomado;
9) Prossiga para o que interessa, o texto. Cerne da obra. Inicie a leitura.
10) O leitor buscará concluir a leitura no menor tempo possível com vistas a iniciar a leitura de uma nova obra utilizando as instruções indicadas nesta receita. No entanto, esta mesma diretriz não se aplica quando o livro é excecional e o leitor não quer que a leitura termine. Nesse caso, o leitor enrola, engonha, demora, fazendo promessas a ele mesmo (Por ex.: só ler duas páginas por dia). Prolongando a leitura de modo a retardar o seu desfecho (todos os esforços são perfeitamente cabíveis);
11) O sabor final da leitura será influenciado pela qualidade do leitor empregado nesta receita e se modificará de maneira constante quando a obra for relida pelo mesmo leitor em distintas fases da sua vida; ou quando realizada por outro leitor;
12) O leitor poderá harmonizar a leitura com um vinho da sua preferência (esta instrução não se aplica a leitores juvenis e infantis);
13) Após a leitura (e, preferencialmente, só mesmo após) poderá o leitor emprestar o livro a outro leitor. Leitores mais exóticos fazem um registo dos seus empréstimos na tentativa (vã) de assegurar o regresso da obra às suas mãos. São casos raros.