Prémio Oceanos
para Luís Cardoso
O Oceanos – Prémio de Literatura em Língua Portuguesa anunciou ontem os seus vencedores de 2021. O Plantador de Abóboras (Abysmo), romance do escritor timorense Luís Cardoso, foi o livro distinguido na edição deste ano, sendo a primeira vez que um autor do continente asiático é premiado, ou chega sequer aos finalistas, do Oceanos.
O júri responsável pela escolha do livro de Luís Cardoso destacou, na apresentação do prémio, a destreza e a desenvoltura narrativa do autor na construção da história atravessada pela violência que marcou o passado colonial de Timor-Leste. E ainda sobre o livro vencedor, um dos membros do júri, Itamar Vieira Júnior, vencedor da edição do ano passado, declarou ser «um romance que nos lembra que a língua portuguesa permanece viva e ganhou densidade e profundidade em cada fração de terra onde é falada. É um romance que nos faz refletir também que a história de uma personagem nunca é solitária – é uma história que carrega consigo a história de sua comunidade, de seu povo e, neste caso, a história de um país: o Timor-Leste.»
Em segundo e terceiro lugares ficaram O Ausente (Relicário), do escritor brasileiro Edimilson de Almeida Pereira, e O Osso do Meio (Relógio D’Água), do português Gonçalo M. Tavares.
O Oceanos tem coordenação geral da gestora cultural Selma Caetano, sendo as curadorias das diferentes áreas geográficas da língua portuguesa entregues a Matilde Santos (países africanos), Manuel da Costa Pinto (Brasil) e Isabel Lucas (Portugal). Na primeira etapa de selecção, um júri composto por 95 professores de literatura, críticos literários, escritores e poetas, leu e avaliou os 1.835 livros inscritos, publicados em dez países, para escolher os semi-finalistas. Daí resultou um conjunto de 54 livros, a partir dos quais se escolheram os dez finalistas. No júri final estiveram a angolana Ana Paula Tavares, os brasileiros Itamar Vieira Junior, Julián Fuks, Maria Esther Maciel e Veronica Stigger, e os portugueses António Guerreiro e Golgona Anghel. O valor total do prémio é de 250 mil reais (39,5 mil euros), sendo 120 mil reais (19 mil euros) para o primeiro colocado, 80 mil reais (12,6 mil euros) para o segundo e 50 mil reais (7,9 mil euros) para o terceiro. Além do patrocínio do Banco Itaú, do Brasil, e da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) de Portugal, o Oceanos 2021 conta com a parceria do Instituto Cultural Vale.