Alguém
Ana Pessoa
Catarina Gomes
APCC
O mundo vai-se apresentando a um novo ser que ainda não eclodiu do seu ovo protetor. Em rima, com direito a refrão, descreve-se o contexto onde agora reside o ovo quase invisível, numa lógica associativa. Assim, das folhas e dos arbustos, a visão do leitor vai-se expandindo até ao céu, ao sol e aos peixes da lagoa. Se por um lado a vida pulula na natureza, por outro enumeram-se hipóteses sobre o ser que nascerá em breve: será uma libelinha, um escaravelho, uma borboleta? O texto alimenta esta tensão entre o interior do ovo que se revela um esconderijo e a imensidão do mundo. A segurança do espaço que protege também é limite à descoberta. Finalmente, antecipa-se o que acontecerá ao pequeno inseto depois do seu nascimento e tudo o que pode fazer em liberdade exploratória. O texto explora esta consciência da mudança e a ilustração acompanha-o representando as várias cenas. Os elementos expressivos contribuem para uma perspectiva mais dinâmica e humanizada.