A comichão
Eleonora Marton
Pato Lógico
Quando o leitor observa e segue as instruções lúdicas propostas por Hervé Tullé nos seus livro-jogo tudo começa e acaba nesse sentido exploratório de formas e conceitos espaciais. O que aconteceria se a lógica que subjaz ao lúdico-pedagógico fosse subvertida em favor do humor sobre o risível?
Minimalista, este álbum presta-se ao desconcerto pela exploração de um tópico tão sensorial quanto banal. O desconcerto une a experiência prévia e o seu reviver, entre páginas monocromáticas e instruções assertivas. Tudo se resume a isso e parece ficar aquém. Todavia, serão muito poucos os livros que alcançam tal feito, o de reproduzir tão fielmente um conjunto de emoções associadas a uma sensação, com tão poucos recursos técnicos. Só no final, eventualmente o efeito da leitura e da experiência se apartam. Mas apenas se a memória da experiência for satisfatória e apaziguadora. Caso contrário, resta uma frustração inevitável por algo que parece inacabado. Ironia pura!