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Selva
Marina Gilbert
Kalandraka
Neste álbum sem texto a profusão de cor e formas leva o leitor para a liberdade desordenada da selva desde as guardas iniciais. O que se desvenda e o que se esconde acrescenta uma sensação de mistério. A cumplicidade com o menino protagonista que explora o ambiente acontece naturalmente. É através dos seus passos que esperamos nós descobrir o lugar.
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Porém, a narrativa guarda uma surpresa que se revela à medida que as páginas vão sendo viradas: há uma pista que se distingue ou não, e que depois se concretiza em alguém. O menino não está sozinho e os seus adjuvantes são justamente os animais selvagens que habitam o ecossistema, da serpente às borboletas, do crocodilo ao tigre, do golfinho ao orangotango. Todos existem, com todos a criança interage de alguma forma, e nenhum denota o mínimo de agressividade. Apenas permanecem na sua esplendorosa dimensão, inicialmente percepcionada num fragmento. O jogo visual potencia associações de movimento, perigo ou acesso e até evoca referências cinematográficas.
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A estética da caminhada não se esgota aqui. É no desenlace que reside a maior surpresa, depois de desvendado o mistério dos animais. Agora que a empatia se confirma, dá-se novo confronto, desta feita entre o espaço natural e o fabricado, e o título ganha novo sentido.
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O menino, cuja curiosidade leva a que atravesse a passagem, torna-se o emissário (in?)voluntário de nova transformação. As plantas e os animais da selva contaminam o betão da cidade. Será o património que a criança carrega? Será uma afirmação de resistência? Fica ao critério do leitor.
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Ao longo das páginas deste livro, vencedor da edição de 2021 do Prémio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados, não há espaço para nada mais, além da poética sensorial da descoberta.