And the winner is… Sara Figueiredo Costa 8 Novembro 2021
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Prémio Goncourt para o senegalês Mohamed Mbougar

Ao quarto romance, o autor senegalês Mohamed Mbougar venceu o Prémio Goncourt. La Plus Secréte Mémoire des Hommes (editado em França pela Philippe Rey e no Senegal pela Jimsaan) venceu a edição deste ano do prestigiado prémio, depois de ter sido seleccionado para todos os prémios literários franceses da temporada. Com ecos autobiográficos, o romance de Mbougar inspira-se igualmente no escritor Yambo Ouologuem, do Mali, premiado em França nos anos 60 do século passado e depois acusado de plágio, tendo acabado os seus dias isolado e recluso na sua terra natal. Aqui, o escritor caído em desgraça é fictício, chama-se T. C. Elimane e publica, em 1938, um livro intitulado Le Labyrinthe de l’inhumain, que estará no centro narrativo deste outro livro, real, de Mohamed Mbougar.

O júri do Prémio Goncourt considerou este romance como «um hino à literatura» e Philippe Claudel, um dos jurados, expressou claramente a aposta que Mohamed Mbougar representa para a literatura em língua francesa: «Com este jovem autor, estamos de volta às bases do Goncourt. Trinta e um anos, alguns livros pela frente. Esperemos que o Goncourt não corte o seu desejo de continuar». Pouco depois do anúncio, em Paris, Mohamed Mbougar disse à imprensa estar muito contente com o prémio. Sendo o segundo autor nascido no continente africano a merecer a distinção do Goncourt (o primeiro foi o marroquino Tahar Ben Jelloun, em 1988), Mbougar acrescentou às suas declarações uma nota sobre a importância desse facto: «Estou obviamente muito feliz, muito honrado. Antes de mais, expresso a minha gratidão ao júri. Creio que hoje a Academia Goncourt está a enviar um sinal muito forte a muitas pessoas, primeiro de tudo ao mundo literário francês, claro, mas também a todos os mundos literários do mundo francófono.» Habitualmente longe da ribalta, tendo publicado em pequenas editoras e não sendo um nome assíduo nos círculos literários mais publicamente visíveis, Mohamed Mbougar prepara-se agora para ver o seu romance traduzido em várias línguas, já que os pedidos de compra de direitos, que haviam começado ainda antes, cresceram substancialmente depois do anúncio do prémio.

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