Pai, só mais cinco minutos!
Marta Altés
Fábula
Tradução de Lara Xavier
A partir das experiências do quotidiano, este álbum ilustrado reflete sobre a passagem do tempo e do que ele significa, num contexto familiar.
O narrador é um pequeno raposinho que contrapõe as afirmações que ouve do seu pai sobre o tempo às suas ideias. A pressa, os atrasos, a previsão do que demora fazer isto ou aquilo, a espera, a valorização dos momentos, tudo depende das motivações de cada um e do que se considera necessário. O caminho para apanhar o autocarro da escola pode ser muito produtivo para brincar nas poças da chuva e observar insetos. Esses momentos de diversão descontraída contrastam com a noção de um horário que é preciso cumprir e do tempo que demora o percurso até ao autocarro. Ora, se para o adulto isso confere urgência em chegar e lhe cria a inevitável pressa, para as crianças essa urgência não existe. O presente imediato, os estímulos que as rodeiam ou simplesmente a incompreensão da obrigatoriedade, levam-nas a valorizar o que as faz sentirem-se bem, ou o que lhes desperta curiosidade.
Também a duração de uma festa, para os pequenos é sempre curta e para o adulto é mais do que suficiente. E por aí fora.
A autora replica várias situações com que os leitores, crianças e adultos, inevitavelmente se identificam. O jogo reside entre o discurso do narrador e as ilustrações que representam o que acontece nos vários momentos: assim se percebe o papel dos filhos e do pai Raposo. Ambos valorizam as suas diferentes prioridades nesta co-existência, muitas vezes mais ingrata para o adulto. A alegria das personagens, espelhada no movimento e na sua expressividade, destaca por um lado a felicidade da espontaneidade e da ingenuidade e, por outro, a profunda ternura desta intimidade. O final recupera o início e dá um precioso valor ao pedido: só mais cinco minutos são, naquele contexto, minutos vitais para todos. Muito mais importantes do que qualquer urgência ou responsabilidade.