Estante Andreia Brites 10 Outubro 2024

Os Whisperwicks, o Labirinto sem Fim
Jordan Lees
Nuvem de Letras
Tradução de Dulce Afonso

Esta narrativa fantástica, de ação e mistério, começa recorrendo a uma estratégia conhecida e muito eficaz. No primeiro capítulo o leitor depara-se com Edwid, que descobre uma fenda na parede do quarto. A fenda produz sons e, a certa altura, alguém pede ajuda ao rapaz. A fenda parece ter vida própria. Isto acontece enquanto a irmã gémea de Edwid, Elizabella, tenta convencê-lo a partilhar consigo o que está a acontecer, sem sucesso. Fica o leitor a saber que os irmãos se afastaram e que vivem em Wreathnwold. O capítulo acaba com muitas questões, um morto e Edwid em perigo. Quando se espera que o segundo capítulo revele os acontecimentos seguintes e preste esclarecimentos sobre a fenda e a relação dos dois irmãos, eis que a narrativa se desloca para outro local e outras personagens, sem qualquer relação com as primeiras. Benjamiah vive numa aldeia onde a livraria da avó é o seu lugar de eleição. O casamento dos pais atravessa uma crise e a única situação nova é a chegada de uma encomenda com um fantoche que parece, à avó, um boneco de feitiçaria. 

Ora, é com esta estranheza inicial que o leitor continua a leitura, na expectativa de que estes dois mundos se encontrem, que tudo faça sentido e se resolva o mistério inicial. Tal acontecerá, não logo no imediato, e a estrutura da ação continuará a dar pistas e a criar expectativas. Como deve acontecer numa narrativa fantástica e misteriosa.

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