Os olhos grandes da menina pequenina
Ondjaki
Carla Dias
Caminho
Esta é a história de uma menina cujos olhos não deitavam lágrimas e que se sentia estranha e diferente por causa disso. Esta é a história de uma avó que encontra uma solução para o sofrimento da neta.
Ondjaki, com a sua mestria de contador de histórias, sabe onde devem ficar as palavras, onde deve estar o vazio e quando deve reforçar o sentido do que já foi dito. Há, no texto, uma poesia que provém do ritmo e que enforma esta menina numa condição de sensibilidade especial. A menina, que gosta de cavalos, do mar e de música, descobre o que são as emoções e o que a faz chorar.
A representação gráfica da menina acentua essa sensibilidade, com as várias perspectivas dos seus olhos, quer de como eram, quer do que viam ou imaginavam. O espaço da menina alberga elementos da natureza, numa ligação onírica e sensorial. Há algo de alegórico na composição das ilustrações que remete para um outro lugar e um tempo indefinido, como acontece com as histórias tradicionais. É um bom lugar para revelar que as lágrimas também podem ser de alegria, de assombro, de espanto, de uma comoção estética e não apenas de tristeza e de dor.