O tanto que o jazz deve a “Binau”
Morreu Bernardo Moreira, um dos gigantes do jazz em Portugal, e o seu legado promete continuar a desbravar caminhos e a formar ouvintes, intérpretes e criadores.
Bernardo Moreira, mais conhecido no meio musical por Binau, é uma das presenças fundamentais do jazz em Portugal. A ele se deve muita divulgação, partilha e transmissão de conhecimento sobre este universo que não é apenas musical, extravasando as suas fronteiras em múltiplas expressões culturais, políticas e de convívio. Bernardo Moreira morreu no início deste mês, aos 90 anos, mas é impossível não continuar a falar no presente (e no futuro!) sobre a sua presença e o seu legado. No site Jazz.pt, um obituário percorre alguns momentos da sua vida, destacando o momento em que o jazz passou a ser parte intrínseca da identidade de Binau:
«Em plena Segunda Guerra Mundial, o seu pai, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (que chegou a acompanhar Artur Paredes, pai de Carlos Paredes), comprou um rádio para ouvir as notícias da guerra. Foi assim que o jazz entrou, para não mais sair, na vida do pequeno Bernardo. Mais tarde, começou a experimentar tocar com alguns amigos; faziam-no sobretudo em festas de estudantes, como amadores, no estilo de George Shearing, os seus temas, música para dançar, e eram constantemente desafiados para tocar. Aos 22 anos, rumou a Lisboa para estudar no Instituto Superior Técnico; já então era conhecido como “o tipo que tocava jazz”.»
Depois, foi o Hot Clube Portugal, fundamental na sua formação como contrabaixista e na de tantos outros músicos (ali viria a ser professor de História do Jazz, já nos anos 80), e a partir daí não mais o jazz deixou de ser a sua casa.
Para além do texto publicado no Jazz.pt, aqui deixamos o vídeo de uma das actuações de Bernardo Moreira, com Barros Veloso no piano e João Moreira (um dos filhos de Bernardo Moreira) no trompete, gravada no Hot Clube Portugal, em Abril de 2017.