O pequeno Eco
Al Rodin
Fábula
Tradução de Susana Cardoso Ferreira
Neste álbum ilustrado, o primeiro destaque vai para o cuidado gráfico da obra. Para além da vibrante ilustração, pejada de manchas de cor que se contaminam, e da tipografia que aqui e ali a invade, os lugares de texto nas páginas são meticulosamente escolhidos para que não se cause ruído à leitura. As cores fortes, os contrastes e as formas diversas conferem plasticidade, movimento e emoção a cada momento, destacando Eco, a personagem principal, pela sua delicadeza e fragilidade. Será um animal, eventualmente, mas pouco importa. Eco está numa gruta e de lá não sai. Embora não esteja textualmente explícito, é claro que só ali Eco tem lugar ou, melhor, voz. E apenas funcional, pré-determinada. A força desta metáfora vai-se avivando através da presença de Max e de um perigo efetivo que leva Eco a reagir. Se a história acabasse aqui cumprir-se-ia o desígnio da auto-determinação e da coragem. Porém, ela desenrola-se no sentido da cumplicidade e da amizade que não só liberta Eco da condição repetitiva do seu discurso como ainda o valoriza, encontrando um lugar de partilha.