O passado no pequeno ecrã
Guardada num recanto do site da Cinemateca Nacional, a Cinemateca Digital é uma viagem ao passado e uma boa forma de conhecer como se vivia em Portugal nos anos da ditadura e um pouco antes disso.
Na Rua Barata Salgueiro, em Lisboa, a Cinemateca Nacional continua a cumprir o seu papel de repositório, preservação e divulgação do património fílmico, não apenas português. Com várias sessões programadas por dia, é possível assistir a filmes das mais variadas origens, acompanhar ciclos cinematográficos por tema, autor, geografia ou época, tudo sempre acompanhado da informação e da contextualização devidas. Para além disso, a Cinemateca é um espaço que inclui café, lugar de encontro, biblioteca e livraria, sendo que nesta última podem encontrar-se, entre muitos outros livros, as edições feitas pela própria Cinemateca.
Tudo isto é para usufruir ao vivo, naturalmente, mas a Cinemateca conta com algumas valências acessíveis a partir do ecrã da internet. Uma delas é a Cinemateca Digital, um conjunto de filmes, imagens e textos que recolhem fragmentos das mais variadas situações, permitindo uma deambulação mais ou menos ordenada por décadas passadas. No site, explica-se que «a Cinemateca Digital nasceu em 2011 da participação portuguesa no projecto European Film Gateway – consórcio constituído por 16 cinematecas e arquivos fílmicos europeus enquanto fornecedores de conteúdos e 6 entidades fornecedoras de serviços tecnológicos –, que funciona como agregador sectorial para o portal Europeana. Para a selecção das obras a fornecer no âmbito desse projecto, a Cinemateca adoptou como critério o tema da produção portuguesa de não-ficção do período 1896-1931 (…)». O período cronológico, entretanto, estendeu-se à medida que a Cinemateca Digital foi crescendo.
On-line, é possível ver imagens das cheias do rio Tejo em 1936, de colheitas agrícolas de diferentes produtos, panorâmicas de cidades, momentos desportivos (como o do Campeonato Mundial de Esgrima, em 1947), culturais ou de festa. Não faltam, tendo em conta o período cronológico, registos propagandísticos do governo de Salazar, quer em Portugal, quer nos territórios colonizados, o que faz deste acervo uma importante ferramenta de estudo e conhecimento do que foram as décadas da ditadura portuguesa, cujo derrube celebra este ano a redonda data de meio século.