O adeus a Pepe Mujica
Figura de proa das lutas pela igualdade social, Pepe Mujica morreu aos 89 anos e não foi apenas no Uruguai onde nasceu que as despedidas se fizeram sentir.
Foram muitos os obituários publicados em jornais de todo o mundo anunciando a morte de José “Pepe” Mujica, o antigo presidente da República do Uruguai, que foi também guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, preso político durante a ditadura uruguaia, deputado, senador e ministro. De entre todos esses obituários, escolhemos aquele que se publicou na página oficial do Movimento dos Sem Terra, no Brasil, demonstrativo da influência de Pepe Mujica nas muitas lutas sociais e políticas que há décadas se vêm travando na América Latina.
«Pepe teve uma contribuição enorme no pensamento e na elaboração sobre a Revolução Socialista na América Latina, conviveu com as principais lideranças que foram referências da esquerda no mundo, deu uma contribuição a partir da luta real e da luta do povo uruguaio. Nascido em uma família de pequenos agricultores em Montevidéu, ele trabalhou no campo e, desde cedo, atraiu-se pelas lutas sociais, iniciando a militância no movimento estudantil. Pepe foi um dos militantes que esteve mais tempo preso em função da sua luta contra o autoritarismo e as desigualdades, quando dirigente com do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), coletivo de guerrilheiros que enfrentou a ditadura militar no Uruguai. Como também foi referência ícone no processo de redemocratização de seu país. Tivemos a oportunidade de conviver com esse grande líder, um grande amigo do MST, um grande companheiro, que dedicou toda uma vida com a coerência política inabalável, desde a guerrilha e até mesmo estando na institucionalidade da política, quando foi ministro, senador e até quando ocupou a presidência da República de seu país.»
Pepe Mujica morreu no passado dia 13 de Maio, aos 89 anos, depois de vários problemas de saúde decorrentes de um cancro. Milhares de pessoas quiseram despedir-se e marcaram presença no Palácio Legislativo, no Uruguai, onde decorreram as cerimónias fúnebres. Fora do Uruguai, muitas foram as homenagens em diferentes línguas a um homem que tanto contribuiu para a justiça social e a luta pela democracia.