
Em Nome do Bárbaro
Louisa Yousfi
Orfeu Negro
Tradução de Joana Cabral
Assinado pela jornalista e escritora Louisa Yousfi, este livro afirma-se como manifesto estético-político, estabelecendo uma série de linhas de reflexão que acabam por ser espelho, mais do que programa. A boa consciência da Europa esforça-se por plasmar a sua essência em políticas de integração apresentadas como panaceia para séculos de colonização, extractivismo e complexo de superioridade, e é aí que a autora vai desmantelando camadas, expondo a complexa estatigrafia de uma ideia de assimilação que nunca está isenta de uma tremenda violência, desde logo na imposição de uma perda de identidade que é também reforço da violência, mesmo que disfarçado de bom convívio: «Quando parecem inofensivos, são selvagens. Quando se insurgem, são bárbaros. (…) Na prisão, ele percebe que nunca saiu dessa zona, que todos os esforços feitos para falar a lígua do civilizador e dominar o mundo dele são impotentes perante esta verdade: bárbaro sou, bárbaro permaneço. Desta revelação tira uma jura: bárbaro sou, bárbaro quero permanecer. Na ofensa, abre uma brecha.» (pg.17)