Estante Andreia Brites 29 Abril 2022

Dos Lápis, com muito amor
Drew Daywalt
Oliver Jeffers
Nuvem de Letras
Tradução de Joana Gonçalves 

Este é um livro que pode ser lido à luz do que é o mercado. Depois do sucesso de O dia em que os lápis desistiram, seguiu-se O dia em que os lápis voltaram para casa. A mesma dupla, com Jeffers a garantir o reconhecimento imediato. A ideia da primeira narrativa prima pela originalidade e tem uma intenção crítica e criativa, apelando à liberdade subjectiva.

O que acontece com este álbum é justamente o contrário: é um produto pensado para a venda, que pode ser bem comunicado como presente do dia dos namorados, tanto como uma ferramenta para apresentar o amor a crianças na primeira infância.

Assim surgem todos os lápis da narrativa original representando as possíveis cores do amor. Metáforas e comparações sucedem-se, umas mais óbvias, outras forçadas e poucas inspiradas. Na edição original, as associações menos positivas ao castanho e ao preto causaram alguma polémica. A negatividade simbólica destas cores é uma das marcas de racismo estrutural nas sociedades europeias e estado-unidense. A tradução portuguesa mantém apenas a lógica melancólica na descrição do preto. 

O álbum não sai da vulgaridade, o que desprestigia o trabalho dos autores.

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