Com o Rio Grande do Sul
No começo de maio, o Sul do Brasil foi atingido por fortes chuvas. Cerca de 2 milhões de pessoas tiveram que abandonar as suas casas, houve mais de 150 vítimas fatais e os prejuízos materiais são incalculáveis. Ao tomar conhecimento do desastre ambiental, a Fundação José Saramago e as herdeiras do escritor buscaram uma forma de ajudar. Em contato com a Companhia das Letras, editora que publica a obra de José Saramago no Brasil, ficou decidido que os direitos de autor do Prémio Nobel no Brasil referentes ao primeiro semestre do ano serão dados à Ação da Cidadania, instituição que está a trabalhar no terreno auxiliando os afetados dessa tragédia.
Quando criou a fundação que carrega o seu nome, em 2007, José Saramago disse que ela não nascia para contemplar o seu próprio umbigo, senão para intervir na sociedade. E deixou uma declaração de princípios onde diz que a FJS nasce para defender a literatura e a cultura em língua portuguesa, os direitos humanos e o ambiente. Em 2010, quando o Haiti foi arrasado por um forte tremor de terra, o decidiu-se fazer uma edição especial do romance A Jangada de Pedra, de José Saramago, e reverter o valor arrecadado com a venda dos livros para ajudar na reconstrução do país. Em 2019, a Fundação José Saramago e a Porto Editora fizeram uma edição especial d’O Conto da Ilha Desconhecida para angariar fundos para o trabalho da Cruz Vermelha em Moçambique, país que tinha sido afetado pelo Ciclone Idai.
Não foram só pelos laços de carinho que unem a FJS com o Brasil o motivo dessa ajuda ao povo gaúcho. Foi também porque entendemos que o nosso futuro passa, em boa medida, pela forma como conseguiremos, todos nós, como humanidade, enfrentar dificuldades como essas e encontrar soluções para um problema que foi criado por nós seres humanos. Precisamos encontrar maneiras de salvar-nos todos. E é por isso que estamos neste momento de mãos dadas com a população do Rio Grande do Sul.