Celebrar o centenário de Eduardo Lourenço
«Veio Eduardo Lourenço e explicou-nos quem somos e porque o somos. Abriu-nos os olhos, mas a luz era demasiado forte. Por isso, tornámos a fechá-los», escreveu José Saramago sobre o seu amigo e um dos maiores pensadores portugueses de sempre.
Nascido em São Pedro do Rio Seco (Almeida), em 23 de maio de 1923, e falecido em Lisboa, em 2020, Eduardo Lourenço pensou o país, escreveu sobre os grandes mitos portugueses (também os literários), sobre as nossas culturas, analisou a Europa, debruçou-se sobre o nosso passado e refletiu sobre o nosso futuro. Agora, quando passam cem anos sobre o seu nascimento, é o momento adequado para que o seu legado seja revisitado, debatido e aplaudido.
O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) e a Câmara Municipal da Guarda encabeçam as comemorações do centenário do autor de O labirinto da saudade e, ao lado de várias instituições, preparam um amplo programa para celebrar a vida e a obra de Eduardo Lourenço.
A Fundação José Saramago somar-se-á aos festejos porque vê Eduardo Lourenço não só como um amigo próximo, mas um referente intelectual, alguém que como poucos foi capaz de lançar perguntas, fazer análises e apontar caminhos. «Não sou um grande pensador, o mundo é que pensa e eu tento imaginar o que ele me está a dizer», disse certa vez o homem que, como poucos, mereceu ser chamado de Professor por todo um país.