O que vem à rede Sara Figueiredo Costa 27 Agosto 2024
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A música de intervenção está viva e recomenda-se
Um ensaio sobre o trabalho de A Garota Não, assinado pelo também músico Vítor Rua, confirmando que o protesto continua a ter na música uma aliada fiel.

No site Rimas e Batidas, o músico Vítor Rua assina um ensaio sobre o trabalho de A Garota Não, explorando a vertente interventiva das suas canções e procurando os pontos de ligação entre o percurso musical de Cátia Mazari Oliveira (assim se chama A Garota Não), a sua biografia e o contexto social, cultural e económico que foi e vai ecoando nesse percurso. Escreve Vítor Rua no início do ensaio A garota não: a nova voz da canção de protesto: «Cátia não é apenas uma cantora; é uma contadora de histórias, uma criadora de mundos. E o seu mundo começa nas ruas de Setúbal, mas não termina aí. Começa nos becos onde brincava em criança, mas estende-se pelos caminhos da vida que percorreu, pelos palcos onde cantou, pelos ouvidos que a escutaram. As suas canções são raízes que se espalham, que se entranham no chão, mas que também se elevam, que alcançam os céus. São histórias de resistência, de luta, de amor e de dor, mas acima de tudo, de esperança. Porque Cátia sabe, como todos os grandes artistas sabem, que a música pode não mudar o mundo num instante, mas pode, aos poucos, plantar as sementes da mudança.»

Vítor Rua analisa com detalhe algumas das canções de A Garota Não, de “Prédio Mais Alto” a “Que Mulher é Essa?”, confirmando nas leituras e escutas que conduziram a essa análise alguns dos traços fundamentais de uma obra musical e lírica que não é alheia à denúncia social, mas também à reflexão, à resistência e à urgência de mudança: «A garota não ergue-se como um farol no nevoeiro denso da canção de protesto em Portugal, uma voz singular que ressoa nas esquinas da alma e nos becos sem saída do pensamento conformista. Ela é mais do que uma cantora; é uma tecedora de versos que navegam entre o antigo e o novo, uma artesã de sons que molda o passado e o presente num fio contínuo de resistência. As suas letras são gritos calados, escritos com a tinta da inquietação e da angústia, uma poesia que brota das fissuras de uma juventude que se recusa a aceitar as migalhas do status quo.»

→ rimasebatidas.pt