
STOP
Ricardo Henriques
Pierre Pratt
Orfeu Negro
O humor nem sempre chega somente através do trocadilho ou do exagero, tão pouco provoca sempre o riso desbragado.
Ricardo Henriques escreve esta história com humor. Pierre Pratt ilustra-a com humor. Logo na capa aparece um polícia sinaleiro, com a sua barriga proeminente, as luvas e o capacete branco.
A narrativa tem como protagonista esta figura nostálgica e caricatural, que cumpre com dedicação e muito prazer o papel de organizar o trânsito. Ora, a substituição do polícia sinaleiro Simões por um semáforo provocou profundo desgosto ao agente da autoridade. Até aqui, a história segue dentro da lógica de verosimilhança, conforme à tristeza de quem se viu privado da missão que tão bem cumpria e a que tinha dedicado a sua vida. As tentativas de Simões para encontrar uma atividade alternativa começam a despertar algum efeito cómico, causado pelo desajuste ou inadaptação de Simões.
A mudança dá-se quando a dupla de autores leva a intriga para outro lugar, muito inesperado e nada verosímil. Aqui também entra o humor, já que ninguém questiona algo que, no mundo real, é totalmente impossível. O polícia sinaleiro ascende a herói e o leitor ficará, muito provavelmente, feliz com isso. Porém, este final feliz vem acompanhado da representação da figura e de um contexto hiperbólico que reforçam o humor, ao serviço do bem.