Tu podes!
Alexandra Strick
Steve Antony
Fábula
Tradução de Lara Xavier
Nos últimos anos temos assistido a um aumento de álbuns ilustrados que exploram valores relacionados com a identidade, a diversidade e a empatia. Muitos acabam por ceder a uma apologia em detrimento da coesão de texto e imagem, do sentido estético e da construção de teias de sentido mais profundas.
Isto não significa que uma estrutura simples seja sinónimo de um livro menor. O álbum Tu podes! é disso exemplo. Adotando uma estrutura enunciativa, dirigida ao leitor, ilustra um conjunto de direitos através de ações e situações que revelam a liberdade individual na relação de respeito com o outro. Aqui defende-se o direito à escolha, ao tempo e ao ritmo individual, a estar triste e feliz, a ouvir e ser ouvido, a defender aquilo em que se acredita, a amar. A ilustração conta a história de catorze personagens que demonstram aquilo que as palavras do texto significam. E em ambos os casos, evoluem no grau de exigência e complexidade.
Nas guardas iniciais as personagens são bebés. Nas guardas finais são adultas. O livro percorre o seu crescimento e subtilmente conta as suas histórias, individuais e nas relações que se estabelecem entre si. É esta a chave de leitura do álbum e aquilo que faz dele diferente e mais interessante do que tantos outros comia-nos temáticas semelhantes.
No final, explica-se o processo de criação do livro, para o qual foram ouvidos vários jovens que testemunharam sobre o que gostariam de ter ouvido para serem mais confiantes e sofrerem menos na infância e adolescência.