O que vem à rede Sara Figueiredo Costa 10 Novembro 2024
Capa do Blitz Nº 1, 6 de Novembro de 1984

40 anos de Blitz
O primeiro número de um jornal imprescindível para a música em Portugal, agora em versão PDF, para ler no computador e imaginar o cheiro semanal do papel e da tinta.

Estávamos em 1984, a internet era uma miragem longínqua e o papel, a par com a rádio e a televisão, era ainda o principal veículo de comunicação para grandes grupos. Depois de uma campanha que espalhou cartazes por várias paredes do país, uma nova publicação chegava às bancas, anunciando-se como um jornal de “música moderna e cultura jovem”. O Blitz passou a ser, para muita gente, motivo para frequentar quiosques e bancas de imprensa uma vez por semana, antecipando as longas horas de leitura sobre o que se passava no mundo da música, fosse nos grandes palcos internacionais ou nas pequenas salas urbanas e suburbanas onde novos projectos musicais surgiam, vindos de garagens e outras tocas escondidas. 

40 anos depois, o Blitz já desapareceu e voltou a aparecer, primeiro como revista em papel, depois em versão digital, batalhando com a miríade de informação que circula diariamente na internet, disparando em todas as direcções, tantas que, às vezes, é impossível seguir o que quer que seja. Para celebrar a efeméride, e como se lê num artigo do Expresso onde se conta parte da história desse jornal imprescindível para a música em Portugal, está disponível o PDF desse mítico primeiro número, que trazia uma entrevista com a vocalista dos Siouxsie and the Banshees (a fotografia de Siouxsie Sioux na capa do jornal ajudou a confirmar que o que ali se publicava inaugurava uma nova era para quem gostava de música) e artigos sobre os R.E.M., Vitorino, Brigada Victor Jara ou Sade, entre várias outras coisas Será difícil, para quem nasceu depois, imaginar um tempo em que um jornal semanal era momento de partilha, congregação e discussões intermináveis entre apreciadores de música, e talvez mais difícil ainda imaginar que, na sua secção de classificados, havia quem trocasse cassetes, procurasse músicos para formar uma banda, alugasse espaços de ensaio ou partilhasse gravações (clandestinas, obviamente) de concertos. Não é saudosismo, é reconhecimento. 

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