O que vem à rede Sara Figueiredo Costa 22 Outubro 2024
Flora Thomson-DeVeaux no lançamento do livro O turista aprendiz.
Paraty © Yolanda Frutuoso

Mário de Andrade, o mau viajante
No Brasil, uma edição de O Turista Aprendiz, de Mário de Andrade, é o pretexto para Flora Thomson-DeVeaux discorrer sobre o autor modernista, a sua pouca afeição por viagens e a arte da tradução.

Na Quatro Cinco Um, Amauri Arrais parte de uma conversa que decorreu na última edição da Festa Liteária Internacional de Paraty, juntando o jornalista Fernando Luna e Flora Thomson-DeVeaux, tradutora de Mário de Andrade para inglês e responsável pela edição recente de O Turista Aprendiz.  O texto é uma digressão sobre este livro, mas também sobre a vida e a obra de Mário de Andrade e as especificidades da sua linguagem na tradução para o inglês: «O resultado das muitas notas de um dos fundadores do modernismo brasileiro nesta e em outras incursões pelo Brasil deram origem a mais que um diário de viagem como os muitos que povoam a literatura, da Odisseia de Homero à carta de Pero Vaz de Caminha. “Não é um diário de viagem, é um diário”, define Flora Thomson-DeVeaux, organizadora e autora do prefácio de O turista aprendiz, volume que reúne os relatos de Mário e acaba de sair em nova edição pela Tinta-da-China Brasil, selo editorial da Associação Quatro Cinco Um. “Tem muitas fugas dele mesmo, da viagem, da paisagem, muita fantasia. É um terreno irregular.”»

Sobre a tradução, essa mediação imprescindível para que os textos possam chegar a leitores de outros idiomas, Flora Thomson-DeVeaux tece várias considerçaões, analisando algumas dificuldades na transição entre o português de Mário de Andrade e o inglês: «A oralidade onipresente nos escritos de Mário e as diferentes vozes que o escritor adota a cada nova anotação, entre a etnografia e a fantasia, foram outras dificuldades. “Fui inventando, tentando dar a entender, mas não replicar. Sempre que dava, inseria um errinho, principalmente no jeito de falar”, afirma. “Mário muda o tom o tempo inteiro, finge ser um antropólogo, um documentarista, tem muitas conversas entreouvidas.”»

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