Comboios parados no tempo
Uma série fotográfica dá a ver a Linha do Vouga e o seu abandono, reflexo da pouca atenção que se dá ao transporte ferroviário e às populações que dele dependem.
No P3, do Público, mostra-se uma série de fotografias criadas por André Gouveia, fotógrafo que cresceu junto à estação ferroviária de Espinho-Vouga, no Norte de Portugal. Como se lê no texto que acompanha as imagens, «ao longo de 2020, e apesar dos constrangimentos no percurso, André Gouveia conheceu toda a extensão da linha — nem o troço encerrado que ligava antigamente Albergaria-a-Velha a Viseu, encerrado em 1972, escapou à mira do seu aparato fotográfico. De carro, André explorou a área envolvente de cada estação e apeadeiro, com especial enfoque nas Minas de volfrâmio de Regoufe e nas oficinas da EMEF. “São espaços importantes na história daquele troço”, reflecte. “A sua utilidade é o único motivo pelo qual ele ainda existe.”»
Entre estações fechadas e troços abandonados, as imagens de André Gouveia guardam uma beleza destroçada, mas convocam-nos, sobretudo, para pensar em conjunto o que fizemos (ou deixámos fazer) à ferrovia portuguesa nas últimas décadas e de que modo podemos reverter essa situação, sabendo que é urgente fazê-lo, por motivos sociais, de igualdade territorial e de urgência ambiental.