20 anos de “Nunca Máis!”
Entre os milhares de galegos e galegas que se mobilizaram perante a tragédia do Prestige, em 2002, os agentes culturais tiveram um papel de relevo.
Em Novembro de 2002, um acidente com o petroleiro Prestige enchia a costa da Galiza de crude. Enquanto o governo autónomo de Manuel Fraga Iribarne reagia como se nada de grave se passasse, a população galega organizou-se num gigantesco movimento por onde passaram estudantes, trabalhadores, reformados e desempregados. Entre os activistas que ajudaram a limpar praias e falésias ao mesmo tempo que pediam responsabilidades e medidas políticas para que o desastre não voltasse a repetir-se, artistas e trabalhadores de todos os quadrantes culturais foram um dos rostos mais visíveis do movimento que se organizou sob o lema “Nunca Máis!”.
No jornal espanhol El Diário, um artigo de Alfonso Pato revisita esse momento de revolta e mobilização cidadã na Galiza do início do século XXI, juntando o escritor Manuel Rivas e a cantora Uxía, ambos presenças constantes nesses dias de luta. Ao El Diário, Manuel Rivas fala da vivência colectiva que então se criou e da importância da palavra nessa partilha: «Hubo una lucha por el sentido de las palabras que podría explicar la dimensión de Nunca Máis, e igual no se le prestó la atención debida. Fue fundamental, para llegar a un espacio de protesta amplio, la forma diferente de ponerlo en escena». E Uxía, falando sobre o modo como se organizava a plataforma Nunca Máis! e se planeava cada uma das muitas acções que foram acontecendo, diz o seguinte: «Se creó una forma propia de hacer las cosas. Eran acciones de denuncia y reivindicación, pero con carga poética o humorística. Los bautizamos como mani-festa-accións y todos los actos tenían una línea.»