Terráqueos, os segredos da Terra revelados por extraterrestres
Ewa Solarz
Robert Czajka
Lilliput
Tradução de Marta Nazaré
São vinte e três capítulos com dados sobre os humanos e a sua existência no planeta Terra. Há percentagens, valores absolutos, medidas de vária ordem. A seleção da informação serve a intenção de surpreender. Entre a enciclopédia e o almanaque, este é um livro de curiosidades. Alguma da informação que se apresenta parece bastante óbvia para o leitor: todos sabemos que o cabelo molhado estica e parece mais comprido, por exemplo. Mas já não sabemos quantos cabelos perdemos, em média, por dia. Qual é a relevância desta informação? Aquela que cada leitor desejar.
A forma como os pequenos textos informativos são compostos traz também um elemento de humor à leitura, visto que o tema que os une é justamente a espécie humana, logo o próprio leitor. E os textos discorrem sobre ele sem nunca levarem isso em conta, como se se tratasse de um elemento externo a esta relação entre texto e destinatário, que é, efetivamente, de quem se fala. É no título que reside a explicação para o facto: as presentes informações resultam da observação e conhecimento que extraterrestres têm sobre os terráqueos, que coincidentemente somos todos nós.
Esse é o pretexto para que se traga para os vários capítulos uma perspectiva que desloca o ser humano do centro do mundo para uma co-existência com outras espécies e elementos naturais, constitutivos do próprio planeta. Esta perspetiva, que traz humor num primeiro nível de leitura, também traz uma visão crítica sobre a importância que nos damos em relação ao que nos rodeia e sobre o desrespeito pelos diversos equilíbrios ambientais. Os números falam mais alto: “Todas as pessoas do mundo juntas pesam menos do que os cogumelos da Terra” ou “Se um ser humano tiver acesso à água potável, pode sobreviver até três semanas sem nenhum alimento. Os ursos podem viver três meses sem comer e os crocodilos podem durar três anos inteiros.”
Depois dos primeiros capítulos que relacionam os humanos com o planeta, o livro aborda temas que caracterizam comportamentos da espécie: relacionamentos, olhos, incapacidades, hora da refeição, questões de higiene, comunicação são apenas alguns. Os dados escolhidos mantêm a mesma intencionalidade: mudar o ângulo com que se vê o género, a valorização social ou a deficiência, por exemplo. Mas não só. Contribuem igualmente para que o leitor possa questionar hábitos prejudiciais à saúde e à felicidade, como acontece com as horas de sono.
As ilustrações representam cada uma das informações textuais e acrescentam-lhes uma componente narrativa, contribuindo para que a leitura seja explícita e mais ampla.
No final do livro, há uma nota com as fontes onde se pode pesquisar para obter estas e outras informações.