Estante Sara Figueiredo Costa 24 Janeiro 2025

Rifqa
Mohammed El-Kurd
Antígona
Tradução de Manuel de Freitas

Livro de estreia do autor palestiniano, Rifqa ajuda a traçar dois caminhos na leitura deste livro, significando amizade, por um lado, mas remetendo também para o nome da avó de Mohammed El-Kurd, e com isso convocando a memória, a ligação à terra, uma ideia de linhagem. Até porque a avó Rifqa é uma das sobreviventes da Nakba, em 1948, e é uma refugiada na sua própria terra, o que abrirá uma das linhas mais fortes deste conjunto de poemas, a da reflexão em torno da ocupação da Palestina por parte do governo israelita, mas também da resistência a que o povo palestiniano sempre se devotou como forma de sobrevivência.

Um excerto do poema «É por isto que dançamos» (pg.23):

«Na minha memória, a casa é um sofá verde, puído,
e a minha avó em cada poema
em cada jasmim colhido na revolta,
em cada revolta colhida no gás lacrimogéneo,
e no gás lacrimogéneo curado com iogurtes e cebolas,
com resiliência,
com mulheres a entoar cânticos, a bater
em tachos e panelas
com malditos e hasbiyallahs

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