Quantas vezes for necessário
No primeiro mês deste ano, foram assassinadas cinco mulheres em Portugal. Em 2024, segundo um levantamento feito pela CIG (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género), também em Portugal, registaram-se pelo menos 20 homicídios de mulheres cometidos por homens. De acordo com um estudo realizado por entidades europeias, uma em cada cinco mulheres portuguesas já sofreu violência de género durante a vida. Os números ainda são mais alarmantes quando se olha para a União Europeia como um todo: uma em cada três mulheres diz ter sido vítima desse tipo de violência.
O estudo publicado em novembro passado apresenta vários pontos preocupantes, como os factos de na última década não ter havido diminuição nos casos de violência de género e desse tipo de crimes ocorrer em maior número com mulheres jovens (entre 18 e 29 anos). Ou seja, as políticas de proteção à mulher não têm surtido efeito.
“Um dos factos muito preocupantes é que as mulheres simplesmente não denunciam. Não falam com a polícia, mas também não recorrem aos serviços de apoio”, alerta Christine Wirtz, diretora de estatísticas sociais do Eurostat, uma das entidades envolvidas no estudo.
Neste mês de março realizamos uma série de atividades para assinalar o Dia Internacional da Mulher. Por exemplo, durante todo o dia 8, dezenas de escritoras, investigadoras e artistas estarão reunidas para a conferência «A palavra escrita, a Mulher e a Paz», organizada pelo Clube das Mulheres Escritoras, com o apoio da FJS. Iniciativas como esta são importantes, mas não são suficientes. Temos que estar sempre alerta, é preciso exigir às autoridades que as políticas de combate ao machismo sejam mais eficientes e é preciso educar as crianças e os jovens para que essa mancha vergonhosa que nos acompanha um dia desapareça.
Temos de falar sobre este assunto não só no mês de março, é preciso voltar a ele sempre, todos os dias, quantas vezes for necessário para que as mulheres deixem de ser mortas.