Pequeno urso, gosto de ti
Benjamin Chaud
Orfeu Negro
Tradução de Joana Cabral
Já lá vão alguns anos desde que o pequeno urso desafiou os leitores a procurá-lo nas páginas de grandes dimensões onde aparecia camuflado entre tantas personagens e espaços diversos.
Para quem se deliciava com a busca, a chegada deste novo álbum é uma boa notícia. Desta feita, o pequeno urso não é o perseguido mas sim o perseguidor. Depois de encontrar o para-raios perfeito para a sua cabana, eis que uma guaxinim o rouba. Assim começa a aventura que percorre escadas, túneis, troncos, ramos e copas. Em cada momento desta perseguição, o pequeno urso tenta alcançar a ave que brilha entre bolas, estrelas e luas, dificultando a sua identificação, quer pelo protagonista, quer pelo leitor. Cada página dupla tem inúmeros detalhes, como se nela pululassem tantas outras histórias de raposinhos, esquilos, pássaros, coelhos… A profusão de elementos faz da ilustração um lugar de procura e descoberta, de atenção aos pormenores que podem ser personagens, ações ou espaços dentro daquele ecossistema. Há sempre muito movimento, o que reforça uma necessidade de foco. A ilustração convida a regressos e novas leituras, depois de se resolver o enigma que motiva a ação principal: conseguirá o pequeno urso recuperar o seu para-raios? O texto é mais económico e não se desvia. O final da aventura reserva-nos uma surpresa quando resolve um conflito inicial, dando-lhe importância e significado. Benjamin Chaud une assim o jogo a uma intenção narrativa, com subtileza e simplicidade.