Pax, o regresso a casa
Sara Pennypacker
Fábula
Neste segundo volume Sara Pennypacker corria o risco de não atingir o mesmo nível diegético de Pax, volume primeiro que se antevia único. Porém, a densidade que Peter e Pax já demonstravam na história inicial, confirma-se neste reencontro. Desde o início se recuperam as emoções do rapaz e da raposa, as suas distintas motivações e prioridades. Se Peter continua a debater-se com os conflitos afetivos que a relação com o avô e o pai, agora definitivamente ausente, lhe colocam, o raposo sente com orgulho a responsabilidade de proteger as suas crias recém-nascidas. A escritora consegue alimentar um tom particular sempre que o narrador acompanha Pax, descrevendo em associação os gestos e comportamentos do animal e o seu significado. Este respeito pelas condições de cada protagonista, sem se exceder na personificação do raposo, contribui para o pacto com o leitor. Ainda, alimenta a intriga e clarifica a alternância de vozes.
São grandes questões universais as que aqui se exploram: amizade, lealdade, confiança, esperança. Ao longo da novela, personagens e leitores embarcam em estados de consciência e reflexões que podem testar a sua crença no outro. É uma descoberta.