Paredes que exigem respeito

«Não nos encostem à parede» foi lema de manifestação contra o racismo e a xenofobia. Agora, Encosta o Racismo à Parede é nome de exposição, reunindo cartazes assinados por uma centena de artistas.

No passado dia 11 de Janeiro, uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas ocupou a Avenida Almirante Reis, em Lisboa, culminando na Praça do Martim Moniz. O motivo? Dizer não ao racismo e à xenofobia, exigir dignidade, direitos sociais e liberdade para quem vive e trabalha em Portugal. O protesto foi motivado por acontecimento ocorrido em Dezembro do ano passado, quando uma operação policial efectuou buscas em estabelecimentos comerciais e casas particulares na Rua do Benformoso, encostando à parede durante horas várias pessoas que estavam na rua. Essas pessoas eram maioritariamente imigrantes e a rusga não foi motivada por qualquer denúncia ou pedido de socorro, criando-se espaço para questionar por que motivo pessoas são encostadas à parede como se de criminosos se tratasse.

No processo de mobilização para essa manifestação, o ilustrador Nuno Saraiva apelou à criatividade de uma série de colegas de ofício e as redes sociais começaram a ser inundadas de cartazes que, apelando à participação cidadã no dia 11 de Janeiro, acabaram por compor uma rica montra de traços, grafismos, abordagens várias à linguagem visual sob o lema «Não nos encostem à parede». Uma montra da diversidade que atravessa a ilustração que se faz por cá e um gesto colectivo feito da individualidade de uma centena de artistas (101, para maior precisão) que contribuíram não apenas para a mobilização, mas também para a reflexão e o debate.

Agora, esses cartazes podem ser vistos, ao vivo e longe dos ecrãs, nas paredes da associação Renovar a Mouraria, em Lisboa. A exposição Encosta o racismo à parede inaugura no dia 1 de Fevereiro, sábado, acompanhada de música, conversas, comes e bebes, e pode ser vista até ao dia 28 do mesmo mês.

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