O futuro nas páginas da Ngapa
Uma nova revista angolana traz teatro, literatura, fotografia, bem como reflexão, debate político e perguntas para encontrar o futuro.
Chama-se Ngapa e é uma nova revista angolana. Vale a pena visitar-lhe o site e descobrir este projecto editorial que cruza tantos modos de olhar e pensar. No editorial, Ondjaki escreve, apresentando a revista: «(…) serão servidas doses de sonho cruzadas com discursos realistas, conservadores, satíricos e ou exagerados. Contamos com a inteligência dos nossos leitores para lidar com aquilo que será a crítica social e ou política. Entre o onírico e o sonhado, haverá lugar para humor. Pretendemos criar um espaço crítico sobre a nossa realidade, a local e a do mundo, enfocando o continente africano, as suas propostas modernas e um modo de pensar que se quer solto de antigas e caducadas crenças.»
Nesta primeira edição, a Ngapa olha para o futuro. Não se esquece do passado, nem de ter os pés assentes no presente, mas é no futuro que projecta as suas inquietações, as perguntas, as possibilidades. Anda pela música (com «Sun Ra, o Afrofuturista», texto de Pablo Mazarrasa) pelas artes cénicas (com «Por um teatro de incendeie o futuro», de Daniela Vieitas) ou pela análise política (com o perfil/entrevista «Fernando Pacheco: Somos a “geração dos quase” – os que quase estiveram no poder», assinada por Maurício Vieira Dias). Percorre vários outros caminhos, com curiosidade e muita vontade de pensar colectivamente, como se insiste no editorial: «O futuro está, portanto, aqui mais perto. O do planeta, o do continente e o de Angola. E nós, os da sociedade civil, o que temos a dizer? Há, sim, uma responsabilidade colectiva em actuarmos, digamos, colectivamente. A responsabilidade de insistir. A responsabilidade de dizer ou de denunciar. A responsabilidade de exigir. Creio que estas são responsabilidades simultaneamente políticas e humanas.»