O anjo com barbas
Alice Vieira
Caminho
Neste texto dramático, Alice Vieira recupera o património das histórias tradicionais com a sua simbologia e moral. Cobiça, ganância e mesquinhez contrastam com ingenuidade e boas intenções. Três príncipes pretendem conquistar a mão da filha do rei, estando dois deles de conluio contra um terceiro. Por artes do acaso ou do destino, uma Fada enamora-se do mais ingénuo e oferece-lhe todo o poder desde sempre almejado pelos outros dois.
Porém, a parábola não se esgota nesta intriga, contando com detalhes de humor e ironia próprios da retórica de Alice Vieira. A decadência do reino está carimbada com o absurdo das medidas adoptadas devido à crise, a Fada é de uma condescendência absoluta para com a parca inteligência do príncipe, tudo plasmado nas marcas discursivas dos diálogos. Também os detalhes das didascálias permitem ao leitor visualizar o seu cenário, as suas personagens e o desenrolar da peça de teatro.