Editorial 4 Julho 2025

Nos 18 anos da FJS

Na sala da sua casa de Lisboa, sentado num sofá, acompanhado por uma dúzia de pessoas, José Saramago tira do bolso do casaco uma caneta e assina um documento.  «Já está, já existe. Acabou de nascer», diz o escritor no meio dos aplausos dos amigos. Era o dia 29 de junho de 2007 e, na presença de um notário, o escritor acabara de colocar a sua assinatura na ata de constituição da Fundação José Saramago. De lá para cá passaram-se 18 anos.

Aquando da criação da instituição que leva o seu nome, José Saramago deixou claro que ela não nascia para, nas suas palavras, “contemplar o umbigo do autor”, mas para intervir na sociedade e para fomentar a cultura e a literatura em língua portuguesa. Na declaração de princípios que deixou escrita, uma espécie de carta de navegação, o escritor manifesta o desejo de que a FJS assuma a Declaração de Direitos Humanos como norma de conduta e base para todas as suas ações. Propõe também que a defesa do ambiente seja uma das bandeiras da fundação.

Foi com as essas diretrizes e desejos que a FJS iniciou o seu caminho. Os primeiros três anos de vida contaram com a companhia do seu criador, que esteve em atividades promovidas pela instituição e ajudou a pensar os planos de trabalhos iniciais. Depois disso, guiados pela sua presidenta, Pilar del Río, a caminhada segue.

Ao completar 18 anos, uma data que simboliza maturidade e autonomia, a FJS vê-se diante do espelho, esperando não perder alguma da rebeldia própria da adolescência. É um bom momento para fazer um balanço do que foi feito até aqui e para se pensar como se espera que sejam os próximos anos.

Numa carta que escreveu ao amigo Oscar Niemeyer, quando o brasileiro completou 90 anos, Saramago conta de um costume cigano que escutou alguém mencionar certa vez no México. Nas celebrações, na hora de brindar diz-se somente: «Há motivo». E cada um dos presentes, diz o escritor, saberá o motivo pelo que levanta o seu copo. Nos 18 anos da FJS, brindamos com quem nos acompanha, confiantes de que motivos não faltam para celebrarmos mais um ano de vida.