Nos 18 anos da FJS
Na sala da sua casa de Lisboa, sentado num sofá, acompanhado por uma dúzia de pessoas, José Saramago tira do bolso do casaco uma caneta e assina um documento. «Já está, já existe. Acabou de nascer», diz o escritor no meio dos aplausos dos amigos. Era o dia 29 de junho de 2007 e, na presença de um notário, o escritor acabara de colocar a sua assinatura na ata de constituição da Fundação José Saramago. De lá para cá passaram-se 18 anos.
Aquando da criação da instituição que leva o seu nome, José Saramago deixou claro que ela não nascia para, nas suas palavras, “contemplar o umbigo do autor”, mas para intervir na sociedade e para fomentar a cultura e a literatura em língua portuguesa. Na declaração de princípios que deixou escrita, uma espécie de carta de navegação, o escritor manifesta o desejo de que a FJS assuma a Declaração de Direitos Humanos como norma de conduta e base para todas as suas ações. Propõe também que a defesa do ambiente seja uma das bandeiras da fundação.
Foi com as essas diretrizes e desejos que a FJS iniciou o seu caminho. Os primeiros três anos de vida contaram com a companhia do seu criador, que esteve em atividades promovidas pela instituição e ajudou a pensar os planos de trabalhos iniciais. Depois disso, guiados pela sua presidenta, Pilar del Río, a caminhada segue.
Ao completar 18 anos, uma data que simboliza maturidade e autonomia, a FJS vê-se diante do espelho, esperando não perder alguma da rebeldia própria da adolescência. É um bom momento para fazer um balanço do que foi feito até aqui e para se pensar como se espera que sejam os próximos anos.
Numa carta que escreveu ao amigo Oscar Niemeyer, quando o brasileiro completou 90 anos, Saramago conta de um costume cigano que escutou alguém mencionar certa vez no México. Nas celebrações, na hora de brindar diz-se somente: «Há motivo». E cada um dos presentes, diz o escritor, saberá o motivo pelo que levanta o seu copo. Nos 18 anos da FJS, brindamos com quem nos acompanha, confiantes de que motivos não faltam para celebrarmos mais um ano de vida.