
Julieta pirueta
Brian Freschi
Elena Triolo
Nuvem de Letras
Julieta é uma adolescente que acaba de mudar de cidade. Na nova casa, resiste a abrir os caixotes e dar vida ao quarto. Na escola, é confrontada com o sarcasmo e o desprezo de algumas colegas que não respeitam o seu prazer em ler e o seu total desinteresse pelo desporto. Este é o ponto de partida para uma história sobre a busca por um lugar de felicidade que garanta igualmente o respeito dos pares. A construção da personagem não assenta na exploração dramática do quotidiano nem, tão pouco, das suas emoções. É na sucessão de acontecimentos do dia a dia que o leitor acompanha os momentos alegres, a criação de um grupo, o entusiasmo crescente com algo de que Julieta gosta e que a realiza.
Afirmar que esta banda-desenhada é sobre vocação resulta numa avaliação redutora. A descoberta da vocação caminha a par com o desenvolvimento da identidade, o encontro com os seus pares, a necessidade de corresponder às expectativas da mãe. A estrutura narrativa é linear, muito dependente de vinhetas sem texto, em que a ação se revela pelos movimentos e interações das várias personagens. A expressividade com que são retratadas, bem como os planos mais abertos ou de pormenor, permitem ao leitor estabelecer relações, deduzir consequências e antecipar situações. A leveza e o ritmo da história são compatíveis com a espontaneidade e o entusiasmo com que Julieta se descobre.