
Irmãos
Marie Le Cuziat
Hua Ling Xu
Orfeu Negro
Tradução de Joana Cabral
A ilustração realista e cheia de textura combina o bucolismo da natureza com os retratos de dois irmãos que não podiam ser mais diferentes. Essa informação é, aliás, logo dada na ilustração da capa.
Ora, o que o texto pretende demonstrar é justamente o que significa este laço familiar na sua singularidade. Sem nunca recorrer a conceitos como o de cumplicidade, memória, família, partilha, a narrativa vai, num primeiro momento, descrevendo os dois irmãos a partir das suas diferenças. Texto e ilustração colaboram para que as suas ações e comportamentos sejam claros para o leitor: se um é contemplativo e reservado, o outro é aventureiro e intempestivo. Porém, isso não significa que não exista algo de fundacional que une estes dois rapazes. A natureza da sua relação é estável, permanente e profunda, respeitando e convivendo muito bem com a individualidade de cada um, como a natureza física também integra muita diversidade e alterações temporárias.
O modo discursivo nunca se altera, enuncia. Quer seja a voz do narrador, quer seja a das personagens. É através da enumeração que quase tudo de importante é dito, designadamente o que significa esta relação de irmandade, segundo as palavras dos protagonistas.
A variação muito marcada entre claro e escuro com diversas zonas de sombra, os detalhes dos espaços e a alternância entre grandes planos e planos gerais têm um efeito de densidade emocional e estética.
Irmãos denota coerência, coesão e equilíbrio, fruto desta relação entre ilustração e texto.