Esperando o amanhecer
Fabiola Anchorena
Kalandraka
Tradução de Elisabete Ramos
Nas páginas iniciais os animais esperam o amanhecer. O negrume é natural, expectável e poético. A excessiva duração da noite, para os animais da selva, apresenta-se como um problema e um mistério. O leitor acompanha-os ao longo da escuridão numa viagem malograda em direção à luz que desejam encontrar.
Os laivos de laranja que começam por pontilhar o preto da noite ganham rapidamente terreno. O encontro com a luz é avassalador. Não é a manhã que se revela mas sim o fogo que consome, destrói, aterroriza. Depois da fuga, a salvação por fim. E a reconstrução natural.
A poética visual que o álbum apresenta através da composição cromática dos seus elementos, formas e fundos, amplia a dimensão do assombro. Na nota final, a autora contextualiza a obra num cenário de catástrofes naturais reais e manifesta a sua intenção de esta possa ser lida como um apelo pela proteção do planeta. O álbum foi o vencedor da XV edição do Prémio Internacional Compostela para álbuns ilustrados em 2022.