
Cem anos de New Yorker
Uma das mais reconhecidas revistas do mundo, vistos pela muito mais jovem revista brasileira Quatro Cinco Um.
É uma das mais famosas revistas do mundo e Paulo Roberto Pires presta-lhe homenagem no mês em que se celebra o centésimo aniversário desta publicação ímpar, a New Yorker. O texto saiu na revista brasileira Quatro Cinco Um, confirmando que a revista que transporta o nome de uma cidade norte-americana continua a ser lida, comentada e influente em tantas outras cidades (e vilas e aldeias) do mundo.

«Em intenção, perseguia os melhores ideais do jornalismo moderno na ambição de capturar os movimentos impetuosos de uma cidade que, nas décadas seguintes, se tornaria o grande centro irradiante da vida intelectual e cultural do mundo anglo-saxão. Na prática, fez jornalismo fora do padrão, tornando-se parte das transformações que pretendia fixar. Mais do que espelho de um mundo novo, a New Yorker foi um de seus artífices, deu a ele um léxico e uma sintaxe incomuns pelas mãos de gente como E. B. White, Dorothy Parker, Joseph Mitchell, Lillian Ross, James Thurber e A. J. Liebling. Até então inédita, a mistura de cultura pop e literatura, humor e poesia, crítica e reportagem descolava-a tanto da velha guarda de revistas ditas cultas, como as vetustas The Nation e a Harper’s, quanto das publicações popularescas que se multiplicavam no início do século 20. Ross não mirava, no entanto, num meio-termo vizinho da mediocridade. Preferiu se instalar em território ainda não demarcado, o de uma sensibilidade urbana, cosmopolita, em que a ideia de “popular” não era incompatível com inteligência — e tampouco livre de doses de esnobismo. Em dez anos, a revista se tornaria uma instituição entre ricaços e remediados, celebridades e anônimos, graves e frívolos que povoavam os cinco distritos de Nova York — e muito além deles.»
Reconhecendo a marca de Harold Ross, criador da revista, nas linhas editoriais, na vanguarda e nas muitas peculiaridades gráficas, jornalísticas e literárias da New Yorker, o texto de Paulo Roberto Pires traça um completo percurso pelas mudanças que foram acontecendo na publicação ao longo do último século, sempre procurando reflectir sobre o que a revista mudou por causa do mundo e o que o mundo mudou por causa da revista. Não haverá muitas publicações que possam gabar-se de tamanha influência, nem de tão larga longevidade. Para celebrar o aniversário, a New York Public Library abre no final deste mês a exposição A Century of The New Yorker e quem tiver a sorte de passar por Nova Iorque nessa altura não vai querer deixar de ver uma selecção de material de arquivo, capas e vários outros documentos associados a esta revista já lendária.