Celebrar a liberdade
Foi há 50 anos, no dia 11 de Setembro de 1973, que um golpe de Estado derrubou o governo de Salvador Allende no Chile. O socialista, que havia sido eleito democraticamente, foi retirado do poder à força por militares e substituído pelo general Augusto Pinochet, que conduziu uma ditadura que durou décadas e cometeu os mais diversos crimes e violações de direitos humanos. Meses depois do golpe no Chile, em Portugal aconteceu o 25 de Abril e os portugueses, depois de 48 anos de um regime ditatorial, voltaram a ser livres.
Para assinalar as duas datas e a importância da liberdade, a Fundação José Saramago, em parceria com a Embaixada do Chile em Portugal, organiza um ciclo de conversas neste mês de Setembro. No dia 6, no auditório da FJS, será exibido o filme Calle Santa Fe, da realizadora chilena Carmen Castillo. No dia 7, historiadores, militantes políticos, jornalistas e figuras públicas de Portugal e do Chile participam num seminário que tem como ponto de partida o 11 de Setembro chileno e o 25 de Abril português. E, claro, a importância da liberdade.
Em 1990, no dia 25 de Abril, José Saramago foi convidado a falar no Barreiro sobre as conquistas que a Revolução dos Cravos trouxe. Na sua intervenção, intitulada «O sabor da palavra liberdade», o escritor chamou atenção para a qualidade da democracia que se vivia (e se vive). Disse: «Vivemos quase cinquenta anos de eleições sujas, e lutámos contra essa vergonha. Agora as eleições em Portugal são limpas e assim irão continuar, mas não caiamos nessa outra e igualmente perigosa forma de abstenção que é levar o voto à urna e cuidar que com isso fizemos tudo quanto nos cumpria. Porque é com o exercício total da cidadania pessoal e colectiva que se garante na sua máxima expressão, a liberdade.»
É para exercer a cidadania, para celebrar a liberdade e pensar na qualidade da nossa democracia, que estaremos reunidos estes dias em Lisboa.