An mirandés, por fabor!*
Um quarto de século passado sobre a aprovação do mirandês como segunda língua oficial de Portugal, o balanço confirma a importância da preservação linguística.
Foi há 25 anos, no dia 17 de setembro de 1998, que a Assembleia da República aprovou uma lei que elevava o mirandês ao estatuto de segunda língua oficial em Portugal. O processo foi o culminar de muitos anos de discussão e trabalho por parte de falantes e estudiosos desse idioma falado em terras de Miranda, um descendente directo do asturo-leonês e a prova viva de que as fronteiras administrativas não definem identidades nem formas de falar. O processo, na verdade, pode recuar ao século XIX, quando o filólogo José Leite de Vasconcelos, entre outros, defendeu a necessidade de alguma coisa ser feita para proteger um idioma geograficamente isolado, cuja prática poderia desaparecer, levando consigo uma herança extremamente rica.
No site da Rádio Renascença, Ana Fernandes Silva assina um artigo (com base no trabalho da Agência Lusa) que traça esse percurso de defesa do mirandês, focando-se nessa legislação que garantiu o seu reconhecimento, bem como uma maior presença nas escolas e currículos transmontanos e um aumento da publicação de livros escritos neste idioma. Tudo coisas dificilmente alcançáveis sem um enquadramento legal como o que foi aprovado pela Assembleia da República, como se lê no artigo: «Júlio Meirinhos [deputado do Partido Socialista que assumiu a responsabilidade pelo projecto-lei] recorda que à data havia pessoas que nunca tinham ouvido falar da língua mirandesa, onde se incluíam deputados na Assembleia da República. Com a aprovação da chamada Lei do Mirandês, este idioma torna-se mais conhecido para todo o país e estrangeiro. Começou a despertar a atenção de linguistas e investigadores da língua e cultura mirandesa, saltando as fronteiras da Terra de Miranda, e o ensino do mirandês nas escolas tornou-se numa realidade. As obras literárias escritas nesta língua dispararam.»
*Em mirandês, por favor!