
A bibliotecária de Auschwitz: novela gráfica
Salva Rubio
Loreto Aroca
Fábula
Tradução de Salomé Castro
O tema do holocausto tem sido, ao longo das últimas décadas, muito apreciado por jovens leitoras e leitores. Para além da memória histórica e biográfica, que motivou muitas narrativas, o próprio mercado editorial encontrou aqui garantias de sucesso de vendas. Por outro lado, também a banda-desenhada tem vindo a apresentar diversas adaptações de obras literárias, destinadas sobretudo ao público juvenil. É neste contexto que a adaptação de A bibliotecária de Auschwitz não surpreende. Isso não menoriza a qualidade deste livro, a boa recepção que pode ter por parte dos leitores ou sequer a validade do tema.
A novela gráfica resume, com cuidado e respeito pela estrutura do romance original, a história de Dita, uma rapariga checa que transporta para o campo de concentração o seu amor pelos livros e pela leitura. A ideia da resistência está muito patente nos diálogos, no desenho das suas expressões e do seu movimento no campo de concentração, assumindo uma identidade coerente com a da curiosidade e determinação da personagem no início da narrativa. Também não fica de fora o sentido aleatório da vida, sempre reiterado pelos testemunhos dos sobreviventes do holocausto. Convém recordar que esta é uma história real, recolhida por Antonio Iturbe, autor do romance original.
Os tons são maioritariamente escuros, entre cinzas, azuis, verdes e castanhos, acentuando os contrastes luz-sombra e dando a cada vinheta uma carga dramática e lúgubre. Há algumas exceções, que remontam a momentos de alegria, a uma ou outra memória ou ao final do livro, que contrasta fortemente com todas as páginas anteriores. O traço é bastante figurativo e detalhado, permitindo uma leitura explícita do espaço, das personagens e da ação. Assim, a novela é acessível a muitos leitores e pode constituir um estímulo para a posterior leitura do romance.