![](https://blimunda.josesaramago.org/_blimunda/wp-content/uploads/2025/02/mth.jpg)
Maria Teresa Horta (1937-2025)
Na morte da escritora e jornalista Maria Teresa Horta, lembremos que a sua herança literária e cidadã persiste e não se apaga.
Foi a editora Dom Quixote que deu a notícia, assinalando a «perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida.» Mais adiante, o comunicado da editora descreve a autora de Minha Senhora de Mim como «uma das personalidades mais notáveis e admiráveis do nosso tempo, reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores, e que ainda há bem pouco tempo foi eleita, pela BBC, uma das “100 mulheres mais influentes e inspiradoras do nosso tempo”». Palavras justas para descrever Maria Teresa Horta e a herança que nos deixa, não apenas nos muitos livros que publicou (um deles em co-autoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, esse volume indispensável chamado Novas Cartas Portuguesas), mas também nesse exemplo de luta, do gesto de tomar a palavra, da não resignação perante as injustiças.
Neste vídeo, gravado há quase um ano, vemos um pequeno excerto da entrevista que Maria Teresa Horta concedeu ao Público (um trabalho de Isabel Lucas, Daniel Rocha e Joana Bourgard) quando aceitou ser directora por um dia daquele jornal. Os cinco minutos e pouco deste registo são uma boa aproximação à vida e à obra de uma mulher a quem tanto devemos. E se a literatura em língua portuguesa perde um dos seus grandes nomes, a democracia, o feminismo e as tantas lutas por direitos que ainda há por fazer prosseguirão, fazendo desta perda uma herança viva, capaz de continuar a acompanhar-nos em direcção ao futuro.