E se decrescêssemos?
Um artigo para reflectir sobre até que ponto esta ideia do crescimento económico infinito é viável, abrindo a porta para uma reflexão mais ampla sobre decrescimento.
No site jornalístico Sumaúma, um longo artigo de Claudia Antunes apresenta aos leitores uma série de ideias que contestam a lógica do crescimento económico infinito: «O PIB, é importante lembrar, não traduz a “riqueza” de um lugar, em termos mais amplos, tampouco diz se os produtos são de fato necessários ou mede se as consequências ambientais e sociais dessas atividades são boas ou más. O PIB é uma soma do preço final de todos os produtos e serviços produzidos em determinado período, em geral de um ano. O crescimento – ou não – do PIB é tema frequente das manchetes da imprensa, do discurso dos economistas, de políticos no Congresso e no governo. Que o PIB precisa crescer tem sido uma certeza mais forte do que os dogmas de muitas religiões. A demora em questionar esse dogma e construir alternativas coletivamente está nos levando ao colapso da vida.»
O artigo percorre a história das diferentes propostas associadas à ideia de decrescimento, traçando-lhes as origens, o modo como foram recebidas no debate público desde a década de 70 do século passado e o seu ressurgimento no discurso político no início deste século, sobretudo pela mão dos movimentos anti-globalização. Citando diversos autores que têm escrito detalhadamente sobre o decrescimento, Claudia Antunes deixa claro que as propostas associadas à ideia de decrescimento não são uniformes, sendo objecto de várias disputas, nomeadamente entre os activistas do Sul global e os do Norte. Ainda assim, numa altura em que a temperatura média do planeta já subiu mais do que o aceitável e quando percebemos que as medidas de contenção que impediriam o aquecimento global não estão a ser postas em prática, pensar novas relações económicas e sociais a partir da ideia de decrescimento talvez seja relevante. Afinal, de que serve o PIB de diferentes países continuar a crescer infinitamente se a vida humana for impossível no planeta?