O que vem à rede Sara Figueiredo Costa 20 Agosto 2025

Kaddesh, um hino
Uma canção sobre as pessoas refugiadas tem percorrido os labirintos nem sempre bem frequentados da internet, encontrando um novo modo de manter aceso o debate sobre a livre circulação de pessoas e a necessidade de solidariedade.

«Kaddesh», da cantora tunisina Emel Mathlouthi, é um hino às pessoas refugiadas e, nas palavras da própria cantora, «uma alegoria do destino, através de elementos simbólicos como cinzas, chaves e incerteza». Emel Mathlouthi, que teve formação musical clássica e começou a sua carreira nos espaços do rock e do metal, envolveu-se profundamente com os protestos pela democracia na Tunísia, seu país natal, e foi nessa altura que levou o seu trabalho musical para outros territórios. Em 2011, durante a chamada Revolução Tunisina, a sua canção «Kelmti Horra» («A minha palavra é livre») tornou-se um hino de resistência e foi um dos motivos que fez a cantora abandonar o país, onde a censura faz o seu caminho sem grandes travões.

«Kaddesh» lembra os tantos refugiados que, em diferentes geografias, arriscam tudo em busca de uma vida melhor ou, em muitos casos, de uma garantia de sobrevivência que os seus países de origem teimam em recusar. Aqui bem perto, no Mediterrâneo, milhares de pessoas continuam a enfrentar o mar nessa demanda, encontrando, do lado desta Europa que se afirma civilizada, uma imensa barreira em forma de fortaleza legal, burocrática e xenófoba. Escutemos, então, a voz de  Emel Mathlouthi.