
Balanço da Flip
Um dos mais reconhecidos encontros literários do espaço de língua portuguesa, a FLIP, aconteceu há poucos dias em Paraty, Brasil, e a Quatro Cinco Um conta como foi.
A revista brasileira Quatro Cinco Um, dedicada aos livros, acompanhou com detalhe a mais recente edição da Festa Literária Internacional de Paraty, entre os dias 30 de Julho e 3 de Agosto. Num texto assinado por Iara Biderman e Amauri Arrais, ficamos a conhecer os principais destaques da FLIP, das mesas mais concorridas à programação mais discreta, nesta que foi uma edição muito atenta ao estado do mundo: «Com curadoria de Ana Lima Cecilio, a programação tratou tanto de temas difíceis e urgentes, como o genocídio em Gaza, a crise ambiental e o abuso doméstico, quanto de humor e do poder da imaginação e da linguagem literária. Ao mencionar a mescla de tensão e distensão entre os assuntos tratados, a curadora disse que a Flip deste ano foi uma espécie de versão da ideia de “caprichos e relaxos”, título de um dos livros mais famosos de Paulo Leminski, o autor homenageado desta edição.»
Nesta que foi a 23ª edição da FLIP, com curadoria de Ana Lima Cecilio, o homenageado Paulo Leminski, poeta curitibano falecido em 1989, esteve presente em muitas conversas, sobretudo a partir de versos seus e temas da sua preferência. Pelas mesas e outros espaços de programação passaram autores como Rosa Montero, Gregorio Duvivier, Ricardo Araújo Pereira, Arnaldo Antunes ou Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática do Brasil, que protagonizou uma conversa marcada pela urgência política. A política, aliás, assumida no seu sentido mais lato e relevante, atravessou a programação da FLIP, como nos conta o texto da Quatro Cinco Um: «Em outra mesa política — a mais política da Flip —, o historiador israelense Ilan Pappe falou sobre as razões históricas dos ataques do Hamas e da política de extermínio de Israel. Pappe sublinhou a importância de entendermos o contexto histórico para falarmos tanto do ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 quanto do atual genocídio e afirmou que a criação de um Estado judeu foi um projeto europeu e que os palestinos pagam preço do antissemitismo europeu. O historiador contou ter havido pressão para impedir sua vinda a Paraty. Segundo Cecilio, que afirmou ter tido total liberdade para a escolha dos convidados, a mesa sobre o tema foi algo imperativo quando o mundo “assiste um território ser dizimado por uma política de Estado”.»